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O CURSO DO RIO

Sei que o rio deve seguir seu curso. Mas preciso descansar entre as pedras correntes, As pedras cristalinas de seus olhos. Gostarias, sei, que eu movesse para ti Diamantes com lábios, algo assim. Mas quero-te foder a toda hora Com meus instintos de pedreira em sêmen.
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A PORTA ESTREMECEU

Eu olhei a porta estremecer, Bateram e invadiram. Estava entre a expectativa de algo E a sua conquista. Conquistaram A paz de meu lar. Me entregaram santinhos, Como esperança do Bem. Olho ambiciosas moscas Em suas palavras, Logo que saem. .

HÁ GENTE QUE SOFRE POR

HÁ GENTE QUE SOFRE POR Há gente que sofre por falta de amor a si mesmo. Há gente que sofre excesso de dor de barriga por comer torresmo. Há gente que sofre de fome e de sede por brigar a esmo. Há gente que sofre por morrer o carro em estradas enfermas e por ter prestações todas na mesma. Há lesma que sofre por escorregar quando não queria sair do lugar. Há gente que sofre por ser magro e alto como a sexta parte dos gigantes, gente que eu não conheço mesmo. Há gente que sofre por ser gordo e baixo como um terço dos mergulhados em desfechos. Há gente que por ser persona jovem comete termos de etarismos e ismos meios inteiros. Há gente que sofre por não aumentar a folha fecundando o cepo. Há gente que sofre por morar no gelo dos polos. Há gente que sofre por rachar os pés com os pelos do chão afiado feio. Há gente que sofre por achar que veio a data do apocalipse no eclipse de si. Há gente que sofre por saber que é tarde cedo demais. Há gente que sofre por saber-se morto ainda medo. Tem

NÃO TE FIES

Não te fies. Escrever é difícil. Poesia pode ser escara. Fácil é a máscara. Torta por dentro, Não te aproximes, Não faças barulho, Escreve daí. Só por fora, Está muito diferente O papel. Não tem previsibilidade O teclado. Olha os tubos curvos em seu verbo áspero quebra queixo. Mordeu-o a invertebrada Sede de enfrentar Moinhos de vento E quebrou os dentes Da Musa. Palmas pra ele, Ele não merece. As gramas pinicam Todos os pés Que escrevem de mãos.

MINHA NARRATIVA FINDARÁ

A narrativa é igual vida. A ausência de narrativa é morte. (Tzvetan Todorov) Minha narrativa findará. Não Foi tão boa. Não foi tão ruim. Será? Enfim, Como disse um (eu)migo: Tá ruim pra todos os pés. Meu pé dói pra alho caro. E sorrio Dolorido de pensar No ponto do borrão com que posso Pular no lombo-narrativa e criar O início. Não devo Parar a narrativa. Os órgãos clamam: - À morte !!!! À vida !!! O ser se finge de surdo E escreve-se entre as exclamadas.

COM AS MÃOS

Com as mãos, pega a farinha da alma para a massa da poesia e depois faz uns bolinhos bem compactos para que quando atinjam a nuca da musa principal o resultado seja visível para todos que se atrevam a ver o seu texto nu (ah! tudo isso de virilha acesa!).

RESTOS DE OFÉLIA

Arruma as algas, Ofélia, Após morte voluntária. Ajeita a gravata nos chorões. O espelho do lago reflete suas mãos em concha libertando pérolas de orvalho, Preocupada, a certeza do sol, Com a mão, percorre o corpo inflado, Leva as mãos nos sapos, peixes, O lago-leito, seu grande mar aberto. Como enguia, faz uma ponte, seu umbigo no ponto mais elevado, a pele esticada, unindo os átomos das águas, cabelos-algas. Ela não ressuscita, e, mesmo assim, sente-se no direito de ser sagrada. Explora o resto de pensar no amor que esqueceu em superfícies. Abre as linhas, entre miniaturas de ninfas, Que lavam o lago, Um leve vento revolve o caminho de algas reais amarelas e vemos o algoz. Hamlet nem aí. Aguarda a perícia Com marcas de caveira na consciência.

VOCÊ TEM HONRADEZ

Você tem honradez? Batizo uma mosca de honradez. Uma mosca tem seu próprio conteúdo, Um ser humano tem conteúdo mental com falhas. Um ser humano mata milhões de uma vez só. Uma mosca.....mosca "estro"..... . Você faz tratos, contratos, em troca de algo. Você dorme com tranquilidade. Você e eu. Já temos a pena que não nos compete. Vivemos 60, 50, 40....mas 70 é pouco também. Com 50 temos saudade do antes do corpo decair mais rápido. Honradez : ter justiça, seja: fazer jus. A seu tempo sobre a terra. O outro lhe interessa ? Contratos Tratos lhe distanciam De algo que humaniza. E lhe aproxima do espírito das guerras, Eu nonada non adan. Em cima da mesa, Duas moscas amam trepam morrem (Há um quê de Hades na trepada).